qual foi o primeiro contato com publicações de artista?
desde criança os livros ilustrados me chamavam muito a atenção, eu amava até mesmo os bíblicos com muitas pinturas incríveis, lembro bem de uma cena de fulano batendo com uma pedra na cabeça de ciclano, rs, mas creio que foi durante a graduação que ganhei familiaridade com o conceito de publicação e/ou livro de artista e foi nesse momento que produzi os primeiros dois, como trabalho de faculdade pra matéria de gravura. depois disso, acompanhei um amigo que estava expondo na feira tijuana em sp, acho que em 2012, e aí sim tive contato com a produção de muitos artistas incríveis e comecei a me inserir nessa cena, ainda que timidamente. o que já engata a resposta da próxima pergunta.
quando e como começou a publicar?
lá por 2012 ou 13 publiquei meu primeiro zine, chamava “plantas cativas”, que depois desdobrei pra um segundo chamado “raizes expandidas”, fiz duas edições de cada um, eram bem simples tipo capa colorida e miolo pb, eu mesma montava e finalizava. aí em 2015 me juntei com as brutas, um coletivo de arte de curitiba e a gente fez uma residência na ilha do mel que resultou em várias publicações e materiais gráficos. mas ainda assim no meio de tudo isso eu produzia livro de artista, livros únicos que faziam parte do corpo de obras em exposições individuais.
fale sobre seu trabalho.
meu trabalho mudou muito ao longo dos anos, minha trajetória começa na gravura em metal e desenho, hoje em dia tenho pirado em videoperformance, instalação e objeto. mas a mudança mais radical não é sobre estética ou linguagem, e sim sobre a própria razão de produzir arte, pra quem e porquê, por conta disso as pesquisas que me motivam estão sempre circulando a temática da afetividade, da relação com o outro e com o mundo.
como você pensa na circulação das publicações?
essa é bem difícil, ein. acho que vivemos um momento muito massa da explosão de artistas publicando independentemente e pessoas se juntando pra criar feiras — plataformas de divulgação e circulação dessa produção toda, que gerou uma troca potente com o público e entre artistas, vi muita gente evoluir a partir disso, eu mesma inclusive, e ter a oportunidade de conhecer e se envolver em projetos incríveis tal como é a flamboiã. mas a feira apesar de ser um formato eficiente e divertido, começa a ficar meio esgotado, com isso surge a necessidade de transmutar e encontrar outros meios de circulação, acho que coletivamente estamos pensando em quais e como.
por que publicar?
eu publico pra expandir um canal de comunicação com as pessoas que têm interesses em comum com minha produção, publico pra exercitar uma linguagem acessível, gerar conteúdo, publico pra estar perto.
indique três publicações que te fazem querer continuar publicando.
“cada caminho é um desvio”, do pedro franz; “as coisas que eu escolhi”, da estelle flores; e “manual de sobrevivência em festas de fim de ano”, do estúdio lampejo.
se quiser, conta pra gente: como você e a flamboiã se conheceram?
vish, vocês se lembram? eu não tenho certeza mas talvez tenha sido na feira tijuana em sp, na época eu e o maikel da maia, artista que também publica e foi super uma inspiração pra mim, participávamos juntos de algumas feiras e imagino que todos nós nos conhecemos assim. enfim, independente de como aconteceu, fico feliz que tenha rolado.
conheça o trabalho da jéssica luz:
cargocollective.com/jessicaluz
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